Companhia estreou hoje na B3 depois de mudança no controle da Atom Participações
Tem ação nova na B3 nesta quinta-feira – mas não é exatamente uma nova listagem. A Fictor Alimentos (FICT3) começou a ser negociada na bolsa brasileira por meio de um IPO reverso, que se dá quando uma empresa fechada compra uma companhia listada. O alvo foi uma companhia que atuava com treinamento de traders de mercado financeiro. Mas a novata quer atrair os interessados no agronegócio brasileiro.
A Fictor Alimentos é resultado da compra do controle da Atompar – que já era listada na B3 e pertencia aos fundadores, Carol Paiffer e Joaquim Paiffer, e à revista Exame – por outras duas holdings, o Grupo Fictor e a Aqwa (antiga Conquest). Comandado por Rafael Góis, o grupo Fictor tem negócios que vão do campo às finanças. É investidor, por exemplo, da Dr. Foods, que fabrica alimentos para animais de estimação, da trading de grãos Vensa e da empresa de pagamentos FictorPay. A Aqwa também reporta ter investimentos ligados ao agro, como produção de amendoim e óleo.
Juntas, as holdings criaram uma empresa de participações para investir em companhias do agronegócio. Segundo André Vasconcellos, diretor de estratégia, planejamento e relações com investidores da Fictor Alimentos, a companhia vai avaliar negócios em estresse financeiro, como empresas em recuperação judicial, processo de regime falimentar, sem fluxo de caixa ou capital de giro. O timing parece propício, já que a desaceleração no ritmo do agronegócio nos últimos meses fez crescer o número de pedidos de RJ dessa área.
Nessas transações, o que costuma atrair interessados são créditos fiscais. Mas, segundo o executivo, a aposta da Fictor também é ajudar na reestruturação e dar escala com a experiência dos acionistas nesse mercado. A Fictor ainda deve se manter pré-operacional até o começo do ano, quando pretender concluir a composição do time de executivos, e ter aquisições até o fim do primeiro semestre. Entre as áreas de interesse imediato estão operações de produção de aves e pescados.
Apesar de não ter pressa para os M&As, a companhia queria já ter a estrutura pronta e optou por fazer isso de uma forma que lhe pareceu também mais econômica e eficiente. “O IPO reverso é um caminho natural quando se tem uma safra desafiadora no mercado. Esse movimento deve ser tendência nos próximos anos”, diz Vasconcellos, que é também vice-presidente do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri) e foi diretor financeiro da Rio Securitização.
A cadeira de CEO e de presidente do conselho da Fictor Alimentos são ocupadas por Góis, o cofundador do grupo. Em outubro, a companhia anunciou um novo conselho de administração, composto por Phillippe Rubini, do grupo Fictor, Maurício Dutra, da imobiliária Alpha Business, e Márcia Campos, que é membro independente.
A companhia já tinha feito um toque de sino simbólico na B3 no início do mês. Hoje, na estreia do ticker, a small cap subiu 2% e tem valor de mercado de apenas R$ 100 milhões. A companhia não detalha se tem planos de fazer uma captação via follow-on.